Vodka - Um método poderoso para a redução de nitratos e fosfatos no aquário marinho


Introdução

Embora o conceito do uso de uma fonte de carbono orgânico para reduzir nutrientes não seja novo no hobby, este conceito ganhou considerável popularidade recentemente. O número crescente de tópicos no Reef Central reforça esta afirmação.

Esses tópicos falam sobre dosar uma única fonte de carbono como Vodka, açúcar, vinagre ou a combinação desses três. Usuários notaram um decréscimo notável nos nitratos e fosfatos, enquanto outros notaram um avivamento das cores de seus corais e cristalinidade da água. Nesse artigo vamos discutir os benefícios potenciais e dar instruções sobre a adição de vodka, condensando as informações tiradas dos tópicos para que fiquem mais fáceis de entender.



O que é uma fonte orgânica de carbono?

Carbono é o quarto elemento mais abundante do universo. Na natureza ele costuma se polimerizar formando longas cadeias. Sua grande abundância e sua habilidade de formação de estruturas poliméricas permitem essas moléculas formarem moléculas essenciais encontradas nos organismos. Carbono é encontrado em abundância em nossos aquários na forma de bicarbonatos inorgânicos. Quando essas moléculas são incorporadas em formas mais complexas, formam nas células moléculas chamadas orgânicas.

Já foi relatado que a adição de certas substâncias orgânicas podem ajudar a melhorar a aparência dos aquários pela redução dos nitratos e dos fosfatos. Para tal, algumas pessoas experimentaram açúcar, vinagre e vodka. Todos eles são compostos orgânicos. Nossa discussão será focada no uso de vodka. A razão de usarmos vodka ao invés de whiskey, gin ou outras bebidas destiladas é que a composição da vodka é mais pura em seu processo de destilação. Outras bebidas podem conter aditivos e realçadores de sabor. Vodka não os possui. Ela é, essencialmente composta por água e etanol. Por essa razão muitos acreditam ser mais seguro usá-la, pois fica reduzida a chance de adição de outras moléculas orgânicas que poderiam agir de forma negativa no ambiente aquático.


Por que dosar carbono orgânico?

O motivo principal é que adicionar carbono orgânico reduz os excessos de nutrientes no aquário. Os dois principais nutrientes que tem suas concentrações diminuídas são os nitratos e os fosfatos (NO[sub]3[/sub][sup]-[/sup] e PO[sub]4[/sub][sup]-3[/sup]). A remoção de fosfatos em aquários marinhos permite um aumento da calcificação e crescimento de corais. Em adição, baixos teores de nitratos e fosfatos trazem o benefício da redução das quantidades de algas no aquário. Essa observação já foi relatada inúmeras vezes por usuários de vodka. A redução na quantidade de algas é resultado do abaixamento das concentrações de nitratos e fosfatos na coluna d’água e não um efeito direto da adição do etanol. Esses benefícios potenciais levaram alguns a fazer uso dessa substância estranha ao ambiente aquático. O composto orgânico mais frequentemente usado é o etanol (vendido nas lojas como “vodka”).

O objetivo da adição de vodka/etanol é aumentar a biomassa bacteriana. Para tal, a adição de vodka leva ao crescimento das populações de bactérias e sua reprodução mais intensa. Durante tal processo os nutrientes presentes na água (incluindo nitratos e fosfatos) são usados para a formação de novas macromoléculas que são necessárias para a formação de novas células e sua viabilidade. Devido a esse rápido crescimento e reprodução, as concentrações de nitratos e fosfatos podem cair rapidamente e ser aferidos pelos diversos testes que existem no mercado. Esse aumento na biomassa bacteriana leva a um notável crescimento na produção de espuma (efeito skimmer), aumentando em muito a remoção de material indesejável do que sem a adição de vodka.

Muitos pensam ser desnecessária a adição de carbono orgânico já que este elemento não está limitado no ambiente aquático, uma vez que grandes moléculas orgânicas são sempre encontradas na coluna d’água. Entretanto, a quantidade de carbono orgânico que as bactérias heterotróficas podem utilizar está limitada, conforme observado pelos usuários de vodka. Este método é aplicável para sistemas onde não foi possível remover nitratos e fosfatos de forma eficiente, seja pelo uso de plantas ou trocas parciais. Sistemas estáveis com baixos teores de nitratos e fosfatos podem não ser beneficiados pela adição de carbono orgânico.


Instruções de dosagem

As instruções abaixo serão focadas no uso de vodka com teor alcoólico de 40%. Elas não se aplicam a outras fontes de carbono orgânico como açúcar ou vinagre. As instruções abaixo foram sugeridas por Jörg Kokott e experimentadas pelos autores.

1. Afira os teores de nitratos e fosfatos em seu aquário. Não faça a dosagem sem saber tais valores! Recomendamos testes sensíveis. Isto será importante mais a frente, para determinar as doses de manutenção. Durante as dosagens iniciais faça testes regularmente, já que cada tanque responde de uma forma particular. Dosar com precisão é de importância máxima. Recomendamos uma seringa graduada para fazer tais medições.

2. Estime o volume real de água de seu aquário (volume do aquário e filtros menos cascalho e decoração). Na dúvida, sugerimos descontar 30% do volume bruto do aquário. Para a dosagem da vodka não há mal algum em subestimar o volume real de água.

Como exemplo, vamos assumir que seu aquário tenha 400 litros reais.

3. A dose inicial é de 0,1 mL de vodka para cada 100 litros diariamente, por três dias. Dessa forma, para seu aquário de 400 litros sua dose seria de 0,4 mL diariamente durante esse período. Já foi sugerido cortar a dose diária ao meio e aplicá-la duas vezes ao dia para um resultado mais consistente.

4. Dias 4 a 7 dobre a dose diária. Nesse período sua dose diária seria de 0,8 mL.

5. Cada semana seguinte aumente 0,5mL na dosagem de vodka independente do volume do aquário. Nesse ponto, para o aquário de 400 litros a dose diária estaria em 1,3 mL. Se não notar queda nas concentrações de nitratos e fosfatos nessa semana, aumente a dose da semana que vem em outros 0,5 mL diários, perfazendo uma dose total de 1,8 mL.


6. Quando notar queda nas concentrações de nitratos e fosfatos mantenha a dose atual. Por exemplo, se você está na segunda semana quando notar a queda dos nitratos naquele aquário de 400 litros adicionando 1.3 mL diariamente, continue com esta dose até que os nitratos e fosfatos desapareçam.

7. Quando os níveis de nitratos e fosfatos estiverem praticamente zerados, corte a dosagem à metade. Essa será sua dosagem inicial de manutenção (0,65 mL caso isso aconteça na segunda semana, quando a dose diária era de 1,3 mL).

8. Continue aferindo nitratos e fosfatos. Se seus níveis subirem no futuro, aumente a dose diária com incrementos de 0,1 mL durante uma semana. Caso continuem subindo aumente outro 0,1 mL na semana seguinte até que finalmente os níveis voltem a desaparecer. Esta será sua nova dose de manutenção.

Durante todo o processo de adição de vodka observe seus peixes diariamente e procure por sinais de stress. Se notar stress de qualquer tipo pare de adicionar a vodka ou então corte a dose à metade. Se por algum motivo você não se lembra se colocou a vodka hoje ou não, pule o dia de hoje. É preferível perder uma dose do que aplicá-la duas vezes. Nunca dobre a dose para compensar um dia que tenha esquecido!
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Notas do tradutor:

1- Este artigo foi escrito originariamente para aquários marinhos, mas grande parte das informações são igualmente válidas para aquários de água doce;
2- Em aquários marinhos é fundamental o uso de um skimmer;
3- Durante a adição de vodka a população bacteriana aumenta e, consequentemente, aumenta o consumo de oxigênio dissolvido no aquário. Dessa forma, recomendo reforçar sua oxigenação.
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Link para o artigo original:
http://reefkeeping.com/issues/2008-08/nftt/index.php

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